Feitiozinho
- Olá, como vai a família?
Na aldeia a proximidade é maior, os limites mais ténues. a casa de um entra na do outro porque, em tempos que já lá vão, as divisões entre irmãos não obedeciam a leis ou rigor técnico. Era de todos, dividido às cegas.
- É nosso.
Tal como um casamento. O que é meu, é teu. Até ao fim da vida. Ou até que um se chateia com o outro e, entre impropérios que não devem ser repetidos, o divórcio entra em litigioso antes de qualquer tentativa de salvação.
- Já se sabe como eles são.
Sabe-se sempre. Quando não se sabe, inventa-se que também serve.
A vida em comunidade não é mais verdadeira do que aqui. Onde se sabe a história dos trisavós e onde a cada duas portas mora um primo que nem se sabia que o era. Onde a memória dura mais do que a verdade. Aliás, a verdade é relativa.
- É tal e qual a mãe.
São sempre tão e qual alguém. Mesmo que não sejam. Para o bem e para o mal. O que é preciso é que justifique o que é preciso justificar.
- E um raminho de salsa, tem?
Salsa ou coentros, abóbora ou umas couves daquelas bem verdes. Há de tudo um pouco e mais qualquer coisa que não se vai precisar. O bom, o mau e o assim-assim.
O olhar para o lado só para confirmar se as flores dos outros são mais bonitas do que as próprias. Pode lá ser uma coisa dessas?
Não é, é de outra maneira qualquer. Mais intensa, mais escondida, mais verdadeira. Mais outra coisa qualquer.
Tudo depende do momento, do dia, do lado onde sopra o vento.
- Feitiozinho!
- Do pior. Sai à mãe!
Ou a avó. Ou até ao tetravô que não se sabe bem quem foi. O que interessa é que sai a alguém.
Eu cá com o meu feitiozinho, tenho que dizer a verdade: gostei de mais de este "Lá pela Terra"! E se eu cá saio ao pai, à mãe ou a outro qualquer tetravô, de qualquer dos lados, por dizer a verdade,tanto melhor!
ResponderEliminarÉ também o momento de dar um beijo à Vânia e ficar à espera dos próximos comentário, da Terra.
Temos sempre o feitiozinho de alguém :) Ainda bem que gostou. Beijinho
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