Pão numa mão

As crianças são só crianças. É a vida a seguir o caminho que deve seguir, todos nós nascemos para trazer mais vida. É isso que se ouve na homilia de Domingo. Mas é só isso que as crianças são. 

Os mais novos não comem à mesa com os mais velhos e não se metem nos assuntos dos adultos. As crianças são só isso, crianças e devem comportar-se como tal. A vida dos adultos não lhes serve nem é da sua conta. 

Se precisarem de levar umas palmadas, levam-nas. As crianças têm de aprender que nem tudo é como elas querem. Existem regras e saber estar e o ser criança não lhes perdoa a má educação. 

Pão numa mão e cachaporra na outra. Ditado tão antigo como a vida e cumprido à risca. As crianças alimentam-se e educam-se da maneira que for preciso. São outros tempos, em que as crianças não têm voz. Têm regras e deveres e nem o direito de brincar em paz e sossego lhes é atribuído. 

Algumas, as que nascem menos abonadas, tornam-se adultos ainda as feições são de bebé. É o cuidar da casa e dos irmãos mais novos que lhes é atribuído, mesmo que para isso tenham de faltar à escola. Afinal há prioridades na vida. Quando não há irmãos mais velhos são os avós e os tios que olham por eles enquanto os pais trabalham. 

O amor aos filhos é assim, diferente na forma de mostrar. Está na educação rígida e nos castigos cumpridos à risca. É afastar as crianças quando os assuntos são de adultos porque elas não percebem nada da vida. É ordenar que lavem a roupa quando nem chegam bem ao tanque. Ser criança tem obrigações sem direitos que as aliviem. 

São outros tempos e outros pensamentos. Outras maneiras de viver. Os filhos são a obrigação de cada um de trazer mais vida à terra. E eles devem sentir-se agradecidos a quem os trouxe ao mundo. 

As crianças são só crianças sem direito a sê-lo.

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