Cesta Aviada
É sábado de manhã e o fim-de-semana ainda está a começar. A praça enche-se de pessoas e cheiros. O doce da fruta mistura-se com o cheiro a terra dos legumes. As cestas entram vazias e encaminham-se para os sítios do costume. Ainda existem rotinas que vale a pena cumprir.
Ouvem-se risos e conversas perdidas. A cada passo que se dá um cumprimentos solto acompanhado de um sorriso:
- Olá, como vai?
Pergunta-se pelo marido e pelos filhos. Estranha-se a ausência da semana anterior. É o calor da preocupação misturado com as frutas, os legumes e as conversas perdidas. Existem rotinas que marcam toda uma semana.
- Como é que são as uvas? As da semana passada não eram muito boas.
É preciso haver franqueza no que diz. O que não se gostou e o que era de chorar por mais. Na banca misturam-se os verdes e os vermelhos, os cestos com a fruta mais delicada, a balança por onde vão passando sacos e o pequeno bloco onde se vai anotando as contas. Algumas coisas ainda se fazem à antiga.
- Prove este bocadinho.
Dado sem esperar nada em troca. Só porque sim. Porque se confia no que se tem e se conhece quem ali está. Cheira-se a fruta e pede-se só mais um raminho de salsa que está mesmo a faltar para o almoço.
A cesta vai enchendo. São avios e conversas, bocadinhos de calma numa vida que se leva tão agitada.
- Então bom fim-de-semana.
- Veja lá se aguenta esse peso todo!
Um adeus apressado e a certeza que estamos de volta daí a oito dias.
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