Casa nova

 O corredor que ia da entrada até às traseiras da casa, rangia até nos passos mais cautelosos. Ao fundo, a porta que abria-se em duas para um campo de galinheiros e coelheiras que alimentariam a família. Mais ao fundo, a terra remexida preparava-se para receber a horta.

Dentro de casa, o eco denunciava o vazio. Os móveis eram os necessário. As paredes estavam despidas. O dinheiro dava para pouco, mas era tudo o que precisavam. 

Aos poucos, a casa de renda ia ganhando ares de lar pronto receber os noivos. Os móveis, comprados em segunda mão, mas bem estimados, ocupavam o seu lugar. A cama, arrumava-se em frente à porta com o toucador enviesado aos seus pés e o guarda fatos de três portas na parede em frente à janela. 

Na sala de estar, a melhor loiça que conseguiram comprar a prestações, exibia-se com todos os cuidados no louceiro à espera dos dias de festa. O aparador guardava as toalhas de linho, bordadas pela vizinha que cobrava mais do que era devido, mas que primava pela perfeição. 

Cheirava a chão encerado de joelhos e a móveis limpos com todas as cautelas. A loiça lavada a rigor e as toalhas e lençóis brancos a cheirar a sol e a sabão azul e branco. A casa cheirava a novo. 

Mais uns dias e o Santo Padre dava-lhes a bênção e estariam casados até que o Senhor chamasse um deles para a sua companhia. Que tardasse a chamada.





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