Adeus 2020

2020 tirou-nos o tapete debaixo dos pés e esforçou-se por nos manter no chão. Não foi sempre assim, o ano começou cheio de promessas. De vontade de viver fora de casa, de ir a sítios, de estar com os amigos. 2020 prometeu, mas não cumpriu. Ou então fomos nós que achámos que ele estava disposto a dar-nos mais.

O país fechou-se em casa em Março, poucos dias depois do último concerto a que assisti, e, de uma maneira ou de outra, assim continua. Confinado. Com horas para sair e horas para recolher. Com filas para o supermercado onde medimos a distância a que estamos de quem fica ao nosso lado. De máscara na cara, gel desinfectante à mão de semear e mais umas toalhitas só para o caso.

Nem tudo foi mau. No tempo que 2020 nos deu, tentei fazer aquilo que sempre me queixei de ter falta de tempo para concretizar. Cozinhei como se a minha vida dependesse disso e se calhar até dependia. Pelo menos a minha sanidade mental beneficia das horas ao fogão ou do tempo que levo a amassar. Tive tempo para me dedicar à padaria, para fazer pão como a minha avó fazia. Sem químicos e com tempo. Tornei-me competente nessa arte, tão competente que achei que devia inventar com um caderninho ao lado para apontar tudo e mais alguma coisa e uns quantos provadores oficiais. Tenho-me safado.

Mudaram as prioridades. Talvez até tenha mudado a forma de ver a vida. A casa tornou-se o nosso escritório, a nosso espaço de lazer, o ginásio, o cinema e o restaurante. O telemóvel reduziu as distâncias. O cansaço sentiu-se de maneira diferente. 

2020 não foi um ano perdido, mas foi um ano que nos roubou muito. Não foi bom para nós. Se calhar era o que mereciamos. Fiz o melhor que podia com ele, mas estou feliz por ser altura de me despedir. Que venha 2021. Vamos ver o que nos espera. Por aqui, estou pronta para fazer a festa.



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